segunda-feira, janeiro 15, 2007

Caipirinha e Pandeiro


No dicionário vem como diminutivo de caipira, mas não se trata deste. Em seguida lê-se: bebida feita com limão em rodelas ou macerado, açúcar e gelo, batidos com aguardente (cachaça, ou vodca, ou rum, etc). Já vi caipirinha de todo tipo, variações onde já não se vê origem dela, com mel....nunca bebi, mas juro que vi. Kiwi, morango, vodca de primeira, muito gelo com algumas gotas de adoçante. Há quem diga que isto se chama caipirinha.
Bebida tropical, simples e geniosa. Quando um novato se atreve a fazê-la, torna-se cruel como amargo sumo do limão. Se mal misturada imperdoavelmente acumula todo a açúcar no fundo copo. Pouco gelo é insuportável. Mas caipirinha mesmo é simples como arroz, feijão com ovo frito e duas rodelas de tomate.
Nunca vi receita escrita de caipirinha, é como livro didático para sambista...não existe. E se existisse, seria tão ridículo, que bastaria um gringo para patenteá-la. Aliás, já ouvi dizer que gringo anda patenteando cultura alheia como caipirinha, rapadura, até álcool combustível já ouvi dizer que não é nosso. Mas nego vai ter que patentear muita coisa até aprende a fazer caipirinha direito. Feijoada com paio, carne seca, toucinho, lingüiça, tem que ser acompanhada de caipirinha. Dizem que o limão da caipirinha ajuda a digerir a feijoada.
É cultura nacional, caipirinha, mais que bebida é palavra com significados. Quando pedem uma caipirinha é porque cerveja não basta, drink também não, ou tão somente ficar mais bêbado. Quando pedem caipirinhas é porque passou da conta de ser brasileiro, e não basta ter certeza de onde se está, é necessário degustar para saber. É como apimentar comida se está no México ou comer, mesmo que arrependido, um pedaço de chucrutes se está na Alemanha. No Brasil pede-se uma caipirinha, feita por um profissional, que pode ser o dono da casa, da bola, da conversa, do churrasco e será sempre boa quando feita pelo anfitrião. Como se apertam as mãos os diplomatas em momentos de guerra, bebemos limão em rodelas ou macerado, açúcar e gelo batidos com aguardente selando um gole de paz. Já vi madame beber caipirinha de 51, sem adoçante. É bebida de gente rica e pobre. Já ouvi gente dizer que é bom pra refrescar a alma e, que o conflito entre o frescor do gelo e limão com aguardente lembra fetiche de filme erótico no meio da natureza embaixo de cachoeira gelada.
Caipirinha, como o pandeiro, todo mundo deveria aprender a tocar bem.

2 comentários:

Wanderley Garcia disse...

Realmente, caipirinha é nossa e de tão fácil, poucos sabem fazê-la. Nossa sorte.

Coloquei um post em
http://proncovo.blogspot.com

Darko Magalhães disse...

Salve...Caipirinha neles...rs

darko